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Nicholas Winton
Você conhece Nicholas Winton? Sabia que salvou 669 crianças?
Afinal, como esse discreto homem de bom coração fez isso?
Mudando o rumo de muitas vidasNo ano de 1938, Nicholas teve seu plano de férias de fim de ano com seu amigo, Martin Blake, cancelado. Este mesmo amigo sugeriu uma outra opção: que eles viajassem até a Checoslováquia, pois queria lhe mostrar algo. Winton se interessou pela proposta do amigo e partiram para lá.
Ao pisar na Checoslováquia, Winton sentiu o clima de horror e medo, compreendeu o que o amigo tanto lhe queria mostrar. O país estava sob o domínio da Alemanha nazista. Milhares de pessoas assustadas e perseguidas com um futuro nada promissor, podendo a qualquer momento ser mandadas para campos de extermínio.
Muitos sentiriam pena, achariam essa situação injusta, ficariam indignados, entretanto, apenas observariam a tragédia acontecer. Nicholas Winton, não. Sabia que poderia fazer algo por essa pessoas. Teve a ideia de mandar as crianças das famílias perseguidas para outros países. Apenas uma ideia, porém, não resolveria a situação. Winton precisaria ter muita disposição e colocar a mão na massa para realizar esse objetivo.
Nicholas pesquisou e coletou dados das crianças que precisavam de ajuda e escreveu cartas para vários países. Foi um trabalho árduo e burocrático, mas nada o fazia desanimar. Persistente, atendeu as exigências impostas pelas autoridades. As portas do mundo sempre se abrem para um guerreiro que não se intimida com os obstáculos. Com a ajuda de organizações cristãs e beneficentes, foi possível conseguir recursos para o transporte dos pequenos refugiados e arrumar famílias interessadas em adotá-los.
Nos primeiros 9 meses de 1939, Winton planejou o transporte e o resgate de 669 crianças – judias, em sua maioria – da Checoslováquia para Inglaterra.
“Tive a ideia certa de resgatar as crianças quando todo mundo achava que nem valeria a pena tentar’”
O número de pessoas salvas poderia ser maior, pois um grupo de aproximadamente 250 crianças não pode seguir para Inglaterra devido ao bloqueio de todos os meios de transportes com o início da guerra. Essas crianças que não conseguiram embarcar infelizmente foram mortas em campos de extermínio.
“Sempre penso nelas, porque poucas horas fizeram a diferença entre iniciar uma vida nova ou ser morta. Não se ouviu falar daquelas crianças.”
Muitas dessas crianças salvas por Winton se tornaram pessoas generosas, oferecendo suas habilidades para o mundo e com as mais diversas profissões: professores, escritoras, enfermeiros, jornalistas, cineastas, biólogos…
Herói discreto
Winton preferiu não contar pros outros sobre o que tinha feito. As crianças cresceram sem notícias de quem havia contribuído para o bem delas.
Muitos o consideravam um herói, mas ele não:
“Não me vejo como um herói. Para ser herói, alguém precisa fazer algo de perigoso. Não fiz. O que fiz foi algo que os outros achavam impossível. Mas eu tinha de tentar, para ver se era possível ou não.“Não é um ato heróico. Meu lema é: se algo não é obviamente impossível, então deve haver uma maneira de fazer.”
A mulher de Nicholas só descobriu quando foi arrumar o sótão da casa e encontrou um álbum velho com fotos de crianças, telegramas, cartas e uma lista. A história de Winton ficou guardada em segredo por quase meio século.
“Alguém aqui nessa sala deve sua vida a Nicholas Winton?”
Depois da história de Winton ficar conhecida, ele recebeu diversas homenagens:
- Foi agraciado com a Ordem de Tomáš Garrigue Masaryk, Quarta Classe, pelo Presidente Checo em 1998.
- No Aniversário da Rainha de 1983, ele foi nomeado como um Membro da Ordem do Império Britânico pelo seu trabalho na instalação na Grã-Bretanha de asilos da sociedade Abbeyfield e em 2002 foi nomeado cavaleiro pela rainha Elizabeth II em reconhecimento ao seu trabalho salvando crianças.
- O asteróide 19384_Winton foi nomeado em sua honra pelo casal de astrônomos checos Jana Tichá and Miloš Tichý.
- Vera Gissing, uma das crianças salvas na época escreveu a biografia de Winton, em agradecimento ao seu ato de coragem.
- Em 2008, Nicholas Winton foi homenageado pelo governo checo de várias formas. Uma escola de ensino elementar em Kunžak recebeu seu nome e ele foi agraciado com a Cruz do Mérito do Ministério da Defesa, Grau I. Também foi indicado pelo governo checo para o Prêmio Nobel da Paz de 2008.
Entretanto, a homenagem mais emocionante que ele recebeu veio daqueles que Nicholas um dia salvou da morte. Um programa de TV inglês resolveu fazer uma surpresa para Winton e convidou várias pessoas que foram salvas por ele quando eram crianças, mas nunca o tinham conhecido. Winton foi convidado para o programa, mas não sabia da surpresa: lhe informaram que ele apenas assistiria um show.
No decorrer do programa, a apresentadora Esther Rantzen anunciou que sentadas ao seu lado estavam duas pessoas salvas por ele em 1939. A apresentadora também pediu para que as outras pessoas que estavam no auditório e que também foram salvas por Winton se levantassem.
Fazer o bem
As últimas notícias de Nicholas Winton informam que ele está vivo e são. Mora em Maidenhead, Inglaterra, com sua esposa. É casado desde 1948 e tem dois filhos.
Perguntaram para Winton se ele achava que tinha feito do mundo um local melhor:
“É preciso mais do que um Nicholas Winton para fazer do mundo um lugar melhor. Mas tudo é uma questão é uma visão. Quase todas as crianças que salvei estão envolvidas hoje em trabalhos de caridade. Estão fazendo o bem.O importante não é chegar em casa de noite e dizer, passivamente: ‘Hoje, eu não fiz nada de mal’. O importante é chegar em casa e dizer: ‘Hoje eu fiz o bem’.”
Fonte: papodoben
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